No dia 17 de Março, o estado da arte do fundraising estará em discussão em Lisboa, pela voz de diversos especialistas. Em entrevista ao VER, David Saint, presidente da Action Planning (referência em Inglaterra no desenvolvimento de estratégias e angariação de fundos), faz a antevisão do evento promovido pela Call to Action. O especialista acredita que esta é uma oportunidade anual para melhorar a eficiência da angariação de fundos em Portugal
O 2º Seminário de Fundraising Call to Action visa abrir novos horizontes sobre a angariação de fundos, discutindo a incrementação e utilização das melhores técnicas e instrumentos de fundraising. Na reitoria da Universidade Nova de Lisboa estarão reunidos, no próximo dia 17 de Março, oradores estrangeiros e nacionais que, segundo a organização, trarão “inspiração e uma perspectiva prática desta actividade extremamente abrangente que exige um conhecimento cada vez mais detalhado”.
Para a Call to Action, a actual conjuntura de crise económica deve ser encarada como uma verdadeira oportunidade, ainda que neste contexto o fundraising aparente ser “uma actividade mais difícil”. Qualquer organização não-lucrativa, das ONG e associações às fundações ou universidades, depende da angariação de fundos para concretizar os seus projectos, pelo que a sua capacidade de gestão, neste domínio, “é um factor essencial” de eficiência e sustentabilidade.
Os instrumentos certos para a angariação de fundos e a inovação na forma de fazer fundraising são a chave do sucesso: o fundraising tem, pois, que ser “uma aposta das organizações e não um corte ou uma redução”, defende a consultora em fundraising e marketing para organizações do Terceiro sector: “numa época de maior escassez de recursos, inovar na forma e saber fazer melhor na utilização das ferramentas de angariação de fundos, é um factor crítico para o sucesso de cada organização”.
Com um Programa que inclui a análise de temas abrangentes – implementação e retorno do fundraising; integração das suas técnicas no plano anual da organização; captação e fidelização das doações; notoriedade da marca e criatividade; relação com os media -, o evento inclui casos práticos e três sessões paralelas em áreas específicas. Novidade é, este ano, o “FUN Raising”, um cocktail no final do dia que permitirá aos participantes fazerem networking. Em 2009, o 1º Seminário de Fundraising Call to Action reuniu no auditório do Museu do Oriente 350 participantes de diferentes organizações do Terceiro sector e de empresas.
Na opinião de David Saint, esta edição representa uma oportunidade anual para tornar o fundraising mais profissional e eficiente em Portugal, em benefício das diferentes organizações não lucrativas.
Quais são, na actual conjuntura socioeconómica, os requisitos fundamentais para implementar um processo de fundraising? A eficiência é o elemento chave?
Os ingredientes essenciais para o sucesso de um programa de angariação de fundos são:
Uma “RAZÃO PARA APOIAR” forte e persuasiva, que seja clara quanto ao montante de dinheiro necessário e para o que é necessário; e que seja clara relativamente a quais são os benefícios que vai permitir atingir. Hoje em dia, os doadores precisam que a organização perceba que dar dinheiro para a sua causa é algo sensível, e que por isso esta garante que vai atingir resultados com o mínimo de custos possível.
LIDERANÇA COM EMPENHO. O presidente, as pessoas da direcção, os fundadores e as principais pessoas que apoiam a organização, têm que estar completamente comprometidos não só com a causa, mas também com o sucesso da angariação de fundos. Todos eles devem querer ser doadores, e pedir a outras pessoas para doarem. E têm que estar disponíveis para dar o seu tempo e recursos para o processo do fundraising.
BOA PESQUISA DE POTENCIAIS DOADORES. Uma angariação de fundos com sucesso e custos baixos só é possível com um tiro certeiro. Quanto mais informação tivermos dos potenciais doadores, quanto melhor os conhecermos, melhor conseguiremos ter a forma correcta e eficaz de os abordar, e conseguir que se transformem em doadores.
DIVERSIFICAÇÃO DE FONTES DE FINANCIAMENTO. Nenhuma organização – quer seja lucrativa ou não lucrativa – está segura se depender apenas de uma ou duas fontes de financiamento ou de receitas.
“Sempre que caímos no risco de querermos ser demasiado espertos, quebramos o sentido humano do que a nossa organização é”
Em Portugal a angariação de fundos é ainda um processo incipiente. Neste contexto, o que representa a discussão do tema por especialistas internacionais, neste seminário?
O fundraising (angariação de fundos) não é uma ideia nova. Já São Paulo era um grande fundraiser! Mas as abordagens profissionais sobre fundraising realmente começaram nos anos 50 nos EUA, acompanhando a profissionalização noutros sectores. A maioria das técnicas foram importadas para Inglaterra nos anos 60, e foram adaptadas e afinadas de acordo com as grandes diferenças culturais. Mais recentemente os princípios básicos do fundraising foram também adaptados para outros países europeus, essencialmente fruto de grandes ONG internacionais, e por consultores em fundraising. Actualmente, é curioso ver que está a acontecer a situação inversa, ou seja, os fundraisers americanos estão a aprender com as mais avançadas técnicas de fundraising desenvolvidas e implementadas na Europa. Assim, e em conclusão, nós nunca deixamos de aprender, e há sempre ideias válidas que podemos apanhar de outras pessoas e países, adaptando-as para que se encaixem perfeitamente na nossa cultura e organização.
Atendendo à sua experiência na área, acredita que a inovação é uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento do fundraising no País?
Sou sempre céptico quanto à inovação. Primeiro vamos é usar os instrumentos já testados – adaptando-os sempre às nossas circunstâncias. De uma forma simplista: uma angariação de fundos com sucesso significa pedir à pessoa certa na forma certa para a causa/razão certa e na altura certa. Sempre que caímos no risco de querermos ser demasiado espertos quebramos o sentido humano do que a nossa organização é. Temos que usar todas as nossas capacidades profissionais em ser incisivos e persuasivos, mas também temos que criar uma ”ligação”. Temos que ajudar o doador a ver que a organização é o intermediário dele para chegar a uma necessidade humana com a qual ele adoraria comprometer-se e ajudar. A organização tem esse tempo e essas capacidades – só precisa do dinheiro do doador.
Depois da primeira edição deste evento, que novidades são esperadas este ano? O que destaca do Programa?
O primeiro Seminário de Fundraising Call to Action foi uma fantástica oportunidade para as pessoas que fazem angariação de fundos em Portugal se juntarem, surpreenderem e serem encorajadas ao verem tantas outras que têm a mesma profissão, percebendo o nível de capacidades, empenho e dedicação que há neste sector. A minha esperança é que este ano os participantes aprendam não só uns com os outros mas também com os oradores, e que comecem a ver este evento como uma oportunidade anual para se conhecerem e para desenvolverem as suas capacidades de angariação de fundos, tornando o fundraising mais profissional e eficiente em Portugal, em benefício de todas as actividades das diferentes organizações não lucrativas que existem neste país.
Estou especialmente entusiasmado com a sessão de abertura, a cargo da Mariana Rebello de Andrade (sócia fundadora da Call to Action), que vai focar-se no facto de já não ser possível falar da angariação de fundos como uma tarefa esporádica. Não posso concordar mais que é fundamental haver uma função desenvolvida especificamente para esta área que permita criar sustentabilidade a médio e longo prazo e o possível crescimento da organização. Depois, no final do dia, virá a questão: “Será o fundraising acerca de dinheiro?” . Acredito que esta é uma questão muito pertinente e importante e a minha visão é que o fundraising é muito mais do que acerca de dinheiro. Se eu não acreditasse nisso não podia ter a paixão que tenho por um fundraising eficaz.
Tem alguma mensagem especial para as pessoas que trabalham no Terceiro sector, e que precisam de angariar fundos?
Mantenha-se comprometido, focado e não deixe que respostas negativas recorrentes o desanimem…
GABRIELA COSTA - VER
O 2º Seminário de Fundraising Call to Action visa abrir novos horizontes sobre a angariação de fundos, discutindo a incrementação e utilização das melhores técnicas e instrumentos de fundraising. Na reitoria da Universidade Nova de Lisboa estarão reunidos, no próximo dia 17 de Março, oradores estrangeiros e nacionais que, segundo a organização, trarão “inspiração e uma perspectiva prática desta actividade extremamente abrangente que exige um conhecimento cada vez mais detalhado”.
Para a Call to Action, a actual conjuntura de crise económica deve ser encarada como uma verdadeira oportunidade, ainda que neste contexto o fundraising aparente ser “uma actividade mais difícil”. Qualquer organização não-lucrativa, das ONG e associações às fundações ou universidades, depende da angariação de fundos para concretizar os seus projectos, pelo que a sua capacidade de gestão, neste domínio, “é um factor essencial” de eficiência e sustentabilidade.
Os instrumentos certos para a angariação de fundos e a inovação na forma de fazer fundraising são a chave do sucesso: o fundraising tem, pois, que ser “uma aposta das organizações e não um corte ou uma redução”, defende a consultora em fundraising e marketing para organizações do Terceiro sector: “numa época de maior escassez de recursos, inovar na forma e saber fazer melhor na utilização das ferramentas de angariação de fundos, é um factor crítico para o sucesso de cada organização”.
Com um Programa que inclui a análise de temas abrangentes – implementação e retorno do fundraising; integração das suas técnicas no plano anual da organização; captação e fidelização das doações; notoriedade da marca e criatividade; relação com os media -, o evento inclui casos práticos e três sessões paralelas em áreas específicas. Novidade é, este ano, o “FUN Raising”, um cocktail no final do dia que permitirá aos participantes fazerem networking. Em 2009, o 1º Seminário de Fundraising Call to Action reuniu no auditório do Museu do Oriente 350 participantes de diferentes organizações do Terceiro sector e de empresas.
Na opinião de David Saint, esta edição representa uma oportunidade anual para tornar o fundraising mais profissional e eficiente em Portugal, em benefício das diferentes organizações não lucrativas.
Quais são, na actual conjuntura socioeconómica, os requisitos fundamentais para implementar um processo de fundraising? A eficiência é o elemento chave?
Os ingredientes essenciais para o sucesso de um programa de angariação de fundos são:
Uma “RAZÃO PARA APOIAR” forte e persuasiva, que seja clara quanto ao montante de dinheiro necessário e para o que é necessário; e que seja clara relativamente a quais são os benefícios que vai permitir atingir. Hoje em dia, os doadores precisam que a organização perceba que dar dinheiro para a sua causa é algo sensível, e que por isso esta garante que vai atingir resultados com o mínimo de custos possível.
LIDERANÇA COM EMPENHO. O presidente, as pessoas da direcção, os fundadores e as principais pessoas que apoiam a organização, têm que estar completamente comprometidos não só com a causa, mas também com o sucesso da angariação de fundos. Todos eles devem querer ser doadores, e pedir a outras pessoas para doarem. E têm que estar disponíveis para dar o seu tempo e recursos para o processo do fundraising.
BOA PESQUISA DE POTENCIAIS DOADORES. Uma angariação de fundos com sucesso e custos baixos só é possível com um tiro certeiro. Quanto mais informação tivermos dos potenciais doadores, quanto melhor os conhecermos, melhor conseguiremos ter a forma correcta e eficaz de os abordar, e conseguir que se transformem em doadores.
DIVERSIFICAÇÃO DE FONTES DE FINANCIAMENTO. Nenhuma organização – quer seja lucrativa ou não lucrativa – está segura se depender apenas de uma ou duas fontes de financiamento ou de receitas.
“Sempre que caímos no risco de querermos ser demasiado espertos, quebramos o sentido humano do que a nossa organização é”
Em Portugal a angariação de fundos é ainda um processo incipiente. Neste contexto, o que representa a discussão do tema por especialistas internacionais, neste seminário?
O fundraising (angariação de fundos) não é uma ideia nova. Já São Paulo era um grande fundraiser! Mas as abordagens profissionais sobre fundraising realmente começaram nos anos 50 nos EUA, acompanhando a profissionalização noutros sectores. A maioria das técnicas foram importadas para Inglaterra nos anos 60, e foram adaptadas e afinadas de acordo com as grandes diferenças culturais. Mais recentemente os princípios básicos do fundraising foram também adaptados para outros países europeus, essencialmente fruto de grandes ONG internacionais, e por consultores em fundraising. Actualmente, é curioso ver que está a acontecer a situação inversa, ou seja, os fundraisers americanos estão a aprender com as mais avançadas técnicas de fundraising desenvolvidas e implementadas na Europa. Assim, e em conclusão, nós nunca deixamos de aprender, e há sempre ideias válidas que podemos apanhar de outras pessoas e países, adaptando-as para que se encaixem perfeitamente na nossa cultura e organização.
Atendendo à sua experiência na área, acredita que a inovação é uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento do fundraising no País?
Sou sempre céptico quanto à inovação. Primeiro vamos é usar os instrumentos já testados – adaptando-os sempre às nossas circunstâncias. De uma forma simplista: uma angariação de fundos com sucesso significa pedir à pessoa certa na forma certa para a causa/razão certa e na altura certa. Sempre que caímos no risco de querermos ser demasiado espertos quebramos o sentido humano do que a nossa organização é. Temos que usar todas as nossas capacidades profissionais em ser incisivos e persuasivos, mas também temos que criar uma ”ligação”. Temos que ajudar o doador a ver que a organização é o intermediário dele para chegar a uma necessidade humana com a qual ele adoraria comprometer-se e ajudar. A organização tem esse tempo e essas capacidades – só precisa do dinheiro do doador.
Depois da primeira edição deste evento, que novidades são esperadas este ano? O que destaca do Programa?
O primeiro Seminário de Fundraising Call to Action foi uma fantástica oportunidade para as pessoas que fazem angariação de fundos em Portugal se juntarem, surpreenderem e serem encorajadas ao verem tantas outras que têm a mesma profissão, percebendo o nível de capacidades, empenho e dedicação que há neste sector. A minha esperança é que este ano os participantes aprendam não só uns com os outros mas também com os oradores, e que comecem a ver este evento como uma oportunidade anual para se conhecerem e para desenvolverem as suas capacidades de angariação de fundos, tornando o fundraising mais profissional e eficiente em Portugal, em benefício de todas as actividades das diferentes organizações não lucrativas que existem neste país.
Estou especialmente entusiasmado com a sessão de abertura, a cargo da Mariana Rebello de Andrade (sócia fundadora da Call to Action), que vai focar-se no facto de já não ser possível falar da angariação de fundos como uma tarefa esporádica. Não posso concordar mais que é fundamental haver uma função desenvolvida especificamente para esta área que permita criar sustentabilidade a médio e longo prazo e o possível crescimento da organização. Depois, no final do dia, virá a questão: “Será o fundraising acerca de dinheiro?” . Acredito que esta é uma questão muito pertinente e importante e a minha visão é que o fundraising é muito mais do que acerca de dinheiro. Se eu não acreditasse nisso não podia ter a paixão que tenho por um fundraising eficaz.
Tem alguma mensagem especial para as pessoas que trabalham no Terceiro sector, e que precisam de angariar fundos?
Mantenha-se comprometido, focado e não deixe que respostas negativas recorrentes o desanimem…
GABRIELA COSTA - VER
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