A maior parte dos portugueses desconhece o conceito mas mesmo assim as plataformas de crowdfunding já terão angariado, desde a sua criação em Portugal em 2011, cerca de um milhão de euros. Este valor é ainda reduzido, sobretudo se comparado com o mercado norte-americano, mas a tendência é de crescimento.
Perante a falta de dados oficiais, a estimativa é
avançada por Yoann Nesme, um dos co-fundadores da maior plataforma de
financiamento colaborativo online em Portugal, a PPL. Nesta plataforma, a
taxa de sucesso ronda os 49% e foram angariados até ao momento mais de
500 mil euros para apoiar 170 projectos.
Através da página de Internet da Massivemov, outras das maiores plataformas também criada em 2011, já foram financiados 33 projectos, num total de 103,5 mil euros, com uma taxa de sucesso de 52%.
O valor médio de apoio situa-se nos 33 euros no caso da PPL e nos 46 euros na Massivemov. As candidaturas já chegam aos milhares, mas apenas uma pequena parte delas acaba por ser publicada e, destas, muitas nem chegam a conseguir o montante pedido.
Apesar da "rápida progressão" deste mercado, assinalada por outro co-fundador da PPL, Pedro Domingos, a verdade é que o mercado português de crowdfunding ainda está a dar os primeiros passos, possuindo um "enorme potencial" como complemento ao financiamento tradicional.
"Há um desconhecimento geral, mais de 90% das pessoas não sabe o que é o crowdfunding e nas empresas, que são os grandes potenciais interessados, talvez o desconhecimento ainda seja maior", disse à Lusa Victor Ruivo, diretor-geral da MarkUp, outra empresa que promove projectos de crowdfunding em Portugal.
Nos Estados Unidos, por exemplo, onde a escala é muito superior à portuguesa, os valores angariados atingiram os 5,1 mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros) só em 2013. O projecto de um dos primeiros relógios inteligentes do mercado, o Pebble, angariou mais de dez milhões de dólares (7,3 milhões de euros) em apenas 37 dias.
“Nos Estados Unidos olha-se para o financiamento colaborativo como para a bolsa ou os fundos de investimento. Mas cá, a cultura de empreendedorismo é baseada no Estado e nos apoios sociais", disse Victor Ruivo.
Em Portugal, a PPL e a Massivemov são as duas plataformas generalistas mais conhecidas, das poucas que existem, destacando-se depois a Olmo e o Bes Crowdfunding (trabalha em colaboração com a PPL), ambas para promover e apoiar projectos de natureza social.
Por sua vez, a MarkUp entrou no mercado com um conceito inovador: criou cinco redes sociais especificamente para o mundo lusófono e os temas da moda e música, disponibilizando um serviço que designou de crowdfinding, que permite "encontrar dentro da multidão as pessoas certas e com interesses semelhantes" para apoiar os projectos.
Desde filmes a campanhas políticas
Em Portugal, a maior parte de projectos financiados por crowdfunding são culturais, sociais e desportivos. O projecto de longa-metragem "Por Ela" do humorista Nuno Markl foi até hoje o que mais dinheiro angariou - mais de 40 mil euros - apesar de não ter conseguido a totalidade dos fundos.
O projecto 3D Antártida, da Universidade de Lisboa, para a monitorização de terrenos, foi o segundo mais financiado, com mais de 20 mil euros.
A nível político, também a campanha do candidato à Câmara de Lisboa António Costa recorreu ao financiamento colaborativo no PPL, levando a cabo a primeira acção de crowdfunding de âmbito político a nível europeu.
Em Inglaterra, por exemplo, este tipo de financiamento colectivo já serviu para a construção de pontes pedonais, de escorregas aquáticos em pleno centro da cidade, instalação de energia solar em edifícios municipais e até pianos públicos.
O conceito de crowdfunding envolve multidões de desconhecidos dispostos a financiar projectos, através de plataformas online, entregando contribuições monetárias a partir de um euro. Em troca, estes investidores recebem uma contrapartida em linha com o valor entregue. O prémio pode passar por um CD autografado, o acesso ao backstage no caso de projectos musicais, ou a entrega de acções no caso de empresas.
Contudo, as contribuições são devolvidas aos investidores sempre que não atinjam o valor definido pelo promotor do projecto no período de tempo estabelecido, geralmente curto.
Em Portugal, o número de campanhas financiadas tem vindo a aumentar rapidamente e só em Abril a PPL permitiu o financiamento de 21 campanhas, face às cinco alcançadas no mesmo mês do ano passado. Apesar da evolução registada, o financiamento colectivo ainda encontra vários obstáculos no país, entre eles as dificuldades em utilizar as plataformas e nos pagamentos online e até algum sentimento de insegurança sobre o destino do dinheiro.
fonte Lusa/Publico
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