Brincar como gente grande
Alertar os mais novos para a importância da partilha. Proporcionar a quem mais precisa a oportunidade da passar um dia diferente, num espaço simultaneamente lúdico e pedagógico que, no imaginário dos jovens, é uma cidade de sonho para “brincar aos adultos”. A iniciativa KidZania Solidária angariou mais de 350 entradas gratuitas para crianças socialmente desfavorecidas que estão a viver “uma experiência marcante que dificilmente esquecerão”, como explica, em entrevista ao VER, o director geral da KidZania Lisboa
POR GABRIELA COSTA
“Para mim foi importante poder dizer a outros jovens da nossa idade que afinal podemos fazer muitas coisas para ajudar pessoas que precisam”. Foi com esta maturidade que João Pedro Pinto, onze anos, avaliou a sua participação no Fórum “Futuro em Valores – Testemunhos na primeira pessoa”, que decorreu em Janeiro no âmbito da iniciativa “KidZania Solidária”, debatendo a importância do voluntariado na formação dos mais novos. Também para Rita Ramos, doze anos, a acção “significou muito”, porque “foi uma maneira de mostrar aos outros jovens o quão importante é dar o nosso contributo” e também de “partilhar com eles as experiências a que fomos expostos e que nos fizeram perceber que podemos deixar a nossa marca no mundo sem precisarmos de recorrer a grandes esforços”, disse, peremptória, ao VER: “é importante termos a noção do mundo que nos rodeia e que à nossa volta há pessoas com dificuldades que nós podemos ajudar”.
Depois desta experiência, João Pedro acredita que “a solidariedade pode ter lugar no nosso dia-a-dia, em pequenas atitudes que para outras pessoas vão fazer toda a diferença” e adianta mesmo que, “a certa altura já faz parte da nossa vida e somos nós que temos necessidade de procurar novos projectos”.
A solidariedade é, pois, um estado de espírito que, no caso da “KidZania Solidária”, permitiu angariar 353 entradas gratuitas para crianças que se encontram numa situação social menos favorável, e que são apoiadas pela Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa, entidade beneficiária da acção, que se dedica a apoiar crianças, idosos e doentes da Misericórdia de Lisboa.
Para esta entidade, o programa “foi muito bem pensado e executado. De uma forma coerente, apresenta um perfeito equilíbrio entre o lúdico, o pedagógico, a inter-ajuda e a promoção da auto-estima de todos os participantes”. Mafalda Ferro, da Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa, defende mesmo que para cada uma destas crianças, apesar de ainda muito novas, visitar a KidZania foi uma experiência que dificilmente esquecerão.
É que se tratam de jovens que “nem sempre tendo a possibilidade de pensar nas suas opções de vida, trilham, muitas vezes repetidamente, os percursos de vida culturais, familiares ou característicos dos bairros onde vivem”. Na KidZania, “aprenderam que os sonhos existem e se podem realizar. Acredito que o dia passado na KidZania lhes servirá de incentivo e modelo quando, um dia, pensarem em construir o seu próprio projecto de vida”, conclui.
Já para a própria Irmandade, esta acção conjunta de duas instituições solidárias e da KidZania “constitui uma das nossas razões de existir e deu sentido ao empenhamento de todos os profissionais e voluntários envolvidos”.
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