Enquanto em muitos lares por este mundo fora, são inúmeras as famílias que têm de fazer o milagre da multiplicação para que o jantar de um dê para alimentar quatro ou cinco pessoas, em outros locais dos Estados Unidos da América, os banquetes são outros.
Desde finais de 2008 que a imprensa local tem andado literalmente doida. No seguimento de uma fuga de informação, tornou-se público que alguns dos maiores multi-milionários da América, terra de todas as oportunidades, se estavam a reunir em jantares secretos para discutir o estado do mundo. Se os temas em agenda não eram, de todo, conhecidos, existia algo mais que estava a intrigar sobremaneira os jornalistas: de que forma era possível que tantas figuras gigantescas da “nata” americana conseguissem gerir as suas mais do que preenchidas agendas e reunirem-se em segredo, não uma, mas várias vezes, ao longo dos dois últimos anos e em diferentes locais? E quais os resultados desses encontros secretos?
A história só foi oficialmente revelada – com umas outras fugas no entretanto – pela revista Fortune, no passado dia 16 de Junho, correspondente à sua edição de Julho. Na capa, uma fotografia de Bill e Melinda Gates e do seu rico amigo rico Warren Buffet com o título sugestivo “O desafio dos 600 mil milhões de dólares”. No mesmo dia, os três da vida ocupada deram igualmente uma entrevista no famoso talk-show de Charlie Rose. Afinal, a conspiração nada tinha de conspirativa. À mesa, os senhores mais ricos da América discutiam apenas um plano que se viria a transformar num compromisso de honra e num convite pouco habitual dedicado aos milionários deste mundo: abrirem mão, no mínimo, de 50 por cento da sua riqueza para ajuda filantrópica, em vida ou depois da morte.
Esta promessa, ou compromisso moral, como os seus promotores a denominam, tem já um site – o givingpledge.org – e o movimento de sensibilização para a causa já foi baptizado: Great Givers. Com a publicação do artigo como tema de capa da Fortune, a ideia é que os três principais entusiastas da ideia enviem e-mails ou façam telefonemas aos seus demais amigos ricos para se juntarem ao compromisso e, muito provavelmente, como revela a Fortune, existirá uma conferência dos Great Givers já no próximo Outono.
Numa altura em que o Relatório da Riqueza Mundial foi publicado e em que ficámos a saber que o número de milionários voltou a aumentar (10 milhões de pessoas possuem fortunas pessoais superiores a um milhão de dólares), resta saber se a generosidade dos corações destes homens será equivalente ao dos seus milhões. Mas sigamos a ordem dos pratos servidos.
De barriga e bolsos cheios
O anfitrião do primeiro jantar (sim, foram vários) foi nada mais nada menos que o senhor Rockefeller, com 95 anos e apelidado de patriarca da filantropia, mas à mesa estiveram reunidas também personalidades como a estrela televisiva Oprah Winfrey, Michael Bloomberg, o mayor deNova Iorque, Ted Turner, o fundador da CNN e reconhecido homem de negócios dos estúdios de cinema, o magnata George Soros, entre outras. O prato principal, segundo a Fortune, girava em torno das formas possíveis de se servir a filantropia. Apesar de não ter estado no primeiro jantar por se encontrar na Europa com os filhos, Melinda Gates foi peremptória ao colocar a seguinte condição: ambos os cônjuges dos casais de milionários teriam que estar presentes, pois independentemente de quem ganhou os milhões de milhões, a decisão do que se faz com eles afecta o seu presente e o futuro dos filhos. E, ao que parece, assim tem sido.
Em conjunto e segundo conta a editora que escreveu o artigo para a Fortune – ela própria uma das convidadas pois é mulher de um outro milionário americano, John Loomis – o valor líquido em cima da mesa – ou ao seu redor – ascendia aos 130 mil milhões de dólares. O tema de entrada – reunir um pequeno grupo de filantropos para discutir estratégias de disseminação deste credo para uma rede o mais alargada possível de milionários – exigia o narrar de alguma história, com a duração de 15 minutos, que representasse a filosofia pessoal de cada um dos convidados no que respeita às suas acções filantrópicas.
A diversidade de causas abraçadas por este clube elitista – educação, cultura, saúde, ambiente, políticas públicas e pobreza - é, para Bill Gates, a beleza da filantropia americana. Apesar de muitos dos seus conterrâneos o criticarem vivamente devido aos milhares de milhões que a sua Fundação investe em países em desenvolvimento, “esquecendo” que, na própria América, a pobreza é também um problema nacional, as críticas só podem ser parcialmente aceites, na medida em que o casal Gates tem feito um trabalho digno de nota também dentro das fronteiras do seu país. De qualquer das formas, Bill e Melinda sublinharam que este novo movimento nada tem que ver com a filantropia levada a cabo através das fundações que muitos dos seus membros dirigem, sendo, ao invés, um acto estritamente pessoal.
Premiar os filantropos foi um dos outros assuntos debatidos, como forma de os incentivar a abrirem ainda mais os cordões das suas bolas. Seja através do reconhecimento dos grandes filantropos (através da atribuição de, por exemplo, medalhas presidenciais), de um filme sobre os seus feitos, de um guia de filantropos ou de uma conferência dos ricos, sendo que esta última, como já foi mencionado, parece reunir o consenso de todos.
Uma ideia que está também em curso, e que já levou Bill Gates a organizar jantares em Londres, na Índia e na China, é alargar esta generosidade voluntária ao resto do mundo. O que tem lógica na medida em que, no Relatório Anual de Riqueza, foi a Ásia a liderar a recuperação dos milhões.
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Desde finais de 2008 que a imprensa local tem andado literalmente doida. No seguimento de uma fuga de informação, tornou-se público que alguns dos maiores multi-milionários da América, terra de todas as oportunidades, se estavam a reunir em jantares secretos para discutir o estado do mundo. Se os temas em agenda não eram, de todo, conhecidos, existia algo mais que estava a intrigar sobremaneira os jornalistas: de que forma era possível que tantas figuras gigantescas da “nata” americana conseguissem gerir as suas mais do que preenchidas agendas e reunirem-se em segredo, não uma, mas várias vezes, ao longo dos dois últimos anos e em diferentes locais? E quais os resultados desses encontros secretos?
A história só foi oficialmente revelada – com umas outras fugas no entretanto – pela revista Fortune, no passado dia 16 de Junho, correspondente à sua edição de Julho. Na capa, uma fotografia de Bill e Melinda Gates e do seu rico amigo rico Warren Buffet com o título sugestivo “O desafio dos 600 mil milhões de dólares”. No mesmo dia, os três da vida ocupada deram igualmente uma entrevista no famoso talk-show de Charlie Rose. Afinal, a conspiração nada tinha de conspirativa. À mesa, os senhores mais ricos da América discutiam apenas um plano que se viria a transformar num compromisso de honra e num convite pouco habitual dedicado aos milionários deste mundo: abrirem mão, no mínimo, de 50 por cento da sua riqueza para ajuda filantrópica, em vida ou depois da morte.
Esta promessa, ou compromisso moral, como os seus promotores a denominam, tem já um site – o givingpledge.org – e o movimento de sensibilização para a causa já foi baptizado: Great Givers. Com a publicação do artigo como tema de capa da Fortune, a ideia é que os três principais entusiastas da ideia enviem e-mails ou façam telefonemas aos seus demais amigos ricos para se juntarem ao compromisso e, muito provavelmente, como revela a Fortune, existirá uma conferência dos Great Givers já no próximo Outono.
Numa altura em que o Relatório da Riqueza Mundial foi publicado e em que ficámos a saber que o número de milionários voltou a aumentar (10 milhões de pessoas possuem fortunas pessoais superiores a um milhão de dólares), resta saber se a generosidade dos corações destes homens será equivalente ao dos seus milhões. Mas sigamos a ordem dos pratos servidos.
De barriga e bolsos cheios
O anfitrião do primeiro jantar (sim, foram vários) foi nada mais nada menos que o senhor Rockefeller, com 95 anos e apelidado de patriarca da filantropia, mas à mesa estiveram reunidas também personalidades como a estrela televisiva Oprah Winfrey, Michael Bloomberg, o mayor deNova Iorque, Ted Turner, o fundador da CNN e reconhecido homem de negócios dos estúdios de cinema, o magnata George Soros, entre outras. O prato principal, segundo a Fortune, girava em torno das formas possíveis de se servir a filantropia. Apesar de não ter estado no primeiro jantar por se encontrar na Europa com os filhos, Melinda Gates foi peremptória ao colocar a seguinte condição: ambos os cônjuges dos casais de milionários teriam que estar presentes, pois independentemente de quem ganhou os milhões de milhões, a decisão do que se faz com eles afecta o seu presente e o futuro dos filhos. E, ao que parece, assim tem sido.
Em conjunto e segundo conta a editora que escreveu o artigo para a Fortune – ela própria uma das convidadas pois é mulher de um outro milionário americano, John Loomis – o valor líquido em cima da mesa – ou ao seu redor – ascendia aos 130 mil milhões de dólares. O tema de entrada – reunir um pequeno grupo de filantropos para discutir estratégias de disseminação deste credo para uma rede o mais alargada possível de milionários – exigia o narrar de alguma história, com a duração de 15 minutos, que representasse a filosofia pessoal de cada um dos convidados no que respeita às suas acções filantrópicas.
A diversidade de causas abraçadas por este clube elitista – educação, cultura, saúde, ambiente, políticas públicas e pobreza - é, para Bill Gates, a beleza da filantropia americana. Apesar de muitos dos seus conterrâneos o criticarem vivamente devido aos milhares de milhões que a sua Fundação investe em países em desenvolvimento, “esquecendo” que, na própria América, a pobreza é também um problema nacional, as críticas só podem ser parcialmente aceites, na medida em que o casal Gates tem feito um trabalho digno de nota também dentro das fronteiras do seu país. De qualquer das formas, Bill e Melinda sublinharam que este novo movimento nada tem que ver com a filantropia levada a cabo através das fundações que muitos dos seus membros dirigem, sendo, ao invés, um acto estritamente pessoal.
Premiar os filantropos foi um dos outros assuntos debatidos, como forma de os incentivar a abrirem ainda mais os cordões das suas bolas. Seja através do reconhecimento dos grandes filantropos (através da atribuição de, por exemplo, medalhas presidenciais), de um filme sobre os seus feitos, de um guia de filantropos ou de uma conferência dos ricos, sendo que esta última, como já foi mencionado, parece reunir o consenso de todos.
Uma ideia que está também em curso, e que já levou Bill Gates a organizar jantares em Londres, na Índia e na China, é alargar esta generosidade voluntária ao resto do mundo. O que tem lógica na medida em que, no Relatório Anual de Riqueza, foi a Ásia a liderar a recuperação dos milhões.
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